flocos de pérolas
matilha que ladra vazia
a procura da rara iguaria
em andrajos mal trajados
tentando fugir da desgraça
acaso um passo além da fronteira
seria apenas uma agrura
ou a fuga fugidia da cultura
súbita lhe arrancaria os olhos
torta de vertigem ao ver tanta beleza
certa em seu caminho torpe
absorvendo toda a sorte de amores
acosumados a se consumir
não não adianta tentar fugir daqui
além do mar nada irá além do mau a pior
ainda que tente fazer de si o seu melhor
nada lhe resta senão existir
as afinidades eletivas
se afaste de mim
não somos iguais
menos mau
mal somos nada
ao menos se pudesse ler meus pensamentos
linda se recordaria que morrera aos bocados
a bela morte do cadáver ultrajado
celladoor
O facto de se estar vivo compensa aquilo que a vida faz a uma pessoa.
Salman Rushdie
explode-me o verso na cabeça
arrebentando as amarras que prendem meu infinito
aprendo a julgar como um menino
e já não necessito pedir perdão
destituo o tabu de ter irmãos
pois não lutamos com as mesmas armas
o quadrado retilíneo dos seus versos
não combina com as curvas da minha estrada
e com esta chaga maltratada
malbarato o artifício das palavras
quando num ranger de dentes característico
rasgo em mil pedaços nosso armistício
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