sexta-feira, maio 20, 2011

flocos de pérolas




matilha que ladra vazia


a procura da rara iguaria


em andrajos mal trajados


tentando fugir da desgraça




acaso um passo além da fronteira


seria apenas uma agrura


ou a fuga fugidia da cultura


súbita lhe arrancaria os olhos




torta de vertigem ao ver tanta beleza


certa em seu caminho torpe


absorvendo toda a sorte de amores


acosumados a se consumir




não não adianta tentar fugir daqui


além do mar nada irá além do mau a pior


ainda que tente fazer de si o seu melhor


nada lhe resta senão existir






as afinidades eletivas




se afaste de mim


não somos iguais




menos mau


mal somos nada




ao menos se pudesse ler meus pensamentos


linda se recordaria que morrera aos bocados




a bela morte do cadáver ultrajado







celladoor




O facto de se estar vivo compensa aquilo que a vida faz a uma pessoa.


Salman Rushdie




explode-me o verso na cabeça


arrebentando as amarras que prendem meu infinito


aprendo a julgar como um menino


e já não necessito pedir perdão




destituo o tabu de ter irmãos


pois não lutamos com as mesmas armas


o quadrado retilíneo dos seus versos


não combina com as curvas da minha estrada




e com esta chaga maltratada


malbarato o artifício das palavras


quando num ranger de dentes característico


rasgo em mil pedaços nosso armistício