quarta-feira, outubro 18, 2006

a última vez que fiz amor com a mulher que amo ela me negou sua nudez três vezes: a primeira foi quando ela me negou a nudez dos seus olhos, sua mente estava distante e seus olhos procuravam um rosto e um corpo que não eram os meus. a segunda foi quando ela me negou a nudez de de seu sono, fugindo de mim para proteger seus sonhos dos meus e guardá-los para um outro sono que não era o meu. a terceira foi quando ela me negou a nudez de seu corpo, escapando sorrateira de meu corpo, porque o toque que ela queria naquele momento não era o meu. me senti uma rés ignóbil num gozo animalesco de cães. porque tudo o que eu queria é que ela fosse minha e não de uma distância entre ela e eu.

negras nuvens

aliso tua cabeleira mal te sonho
à morte de seus seios meus espinhos
aninho teus ombros só um pouquinho
mas é bem ali que o que em mim é tudo mais
em ti repousa e se desfaz

se subo a colina é só o por que
a resposta seria encontrar-te na esquina
e não o fracasso da minha culpa
vasculhando a mercê de outras entranhas
animal fuçando a própria volúpia

ainda arrepio em meu beijo tua nuca
ou além do limiar do sexo são apenas dias
teu tédio morno e lastimável amor
não crê não cresce e arrefece enquanto
a tua alegria na fotografia desaparece

1 Comments:

Blogger Lídia said...

O "Tédio morno" ainda nos domina e arrefece tudo o que toca? Ainda não inventaram um "remédio antimonotonia"? Ao menos existe a luz e a sombra e a poesia...

quarta-feira, outubro 29, 2008  

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