sexta-feira, abril 24, 2009



mel mais doce que o sangue (fragmento)

A transição acontece imperceptível, o pensamento amordaça a palavra, o punho torna martelo tudo que não gire ao redor do interesse imediato, expirar até esgotar o oxigênio, então se abarca o outro num fôlego, sem emoção ou sentimento. A onda bate na pedra, o trovão é ininterrupto e intenso. O tempo deixa de ser cotidiano, suspenso por um fio louro no limite do visível. Abandono e ausência. No concrescer da idéia que procura o absoluto o corpo se pendura, oscila nas pontas dos pés até excentricamente invadir o outro que não é, duvido do caráter fragmentado desta existência, constato o tijolo a dar na minha cabeça, o qual não é possível privar daquilo que não é mera concepção, o tijolo não se concebe, ele é, mas a minha idéia atirada na testa alheia também é bem capaz de causar um galo.