segunda-feira, outubro 23, 2006

há um tempo em que o amor tivera o gosto de paçoquinhas de vinte centavos (também para ela, eu pensava). há um tempo em que o amor tivera o cheiro de diesel dos ônibus do terminal (também para ela, eu pensava). há um tempo em que dançáramos no ônibus lotado (ela meu par, eu pensava). há um tempo em que eu quisera chegar logo em casa (também ela, eu pensava). há um tempo em que a amara (também ela a mim, eu pensava)

poema provisório


um dia há tempo e lugar e o lugar donde em mim assegurado
no tempo uma vez que fora poesia tenho apenas a vida diante da vida
a prendo no pensamento mas meu pensamento está cansado

há um tempo em que a morte não é um
enfado há um tempo em que ela não é
necessária a canção cantada a flor florida e eu

há um tempo em que é nobre a partida chibata
do eclesiastes quem sabe o amor sobre a esteira ainda
um instante adiante a vastidão do antes
há tempo de dizer aquilo que não se extingue na verdade

há vida que não me dispõe este querer desde
ontem hoje sempre uma condenação sem ser
o corpo amargo de minhas emoções depuradas
de mau gosto eu não a vejo ela não me
vê há tempos inacreditáveis