terça-feira, setembro 11, 2007

poema à pequena selvagem

(dias de miséria e incerteza. gozo o desprezo de todas as mulheres. este silêncio é uma condenação ao degredo. eu rezo. eu cismo. eu enlouqueço. dia após dia é sempre o mesmo começo. resta fechar as portas e janelas. banir para qualquer lugar quaisquer presenças. este cansaço sobre as costas me arrebenta. o descompasso das pernas. o que posso fazer se o meu rosto não se ilumina? vagar de qualquer jeito de esquina em esquina.)


da brevidade ao instante da tua
carne até a viscosidade do dia
entristeço em precipício o vórtice
este cheiro em meus dedos alucina

entrego a carta breve do poema
sirvo a mesa enveneno as cortinas
e a minha boca desencanta segredos
em que segrego o corpo em movimento

ah essa tua partida me condena
a ficar com as tripas e o coração
tantos frangalhos dentre os calafrios
o couro nos meus dentes saboreio

aflito a fixidez destes fluidos
hermético remédio às minhas cismas
súbito e cínico soberanamente sorrio
lá fora de mim a saudade ainda respinga