segunda-feira, janeiro 07, 2008

(os dois últimos de 2007)

a pêra do príncipe i

digo que o que prezo
é o contrário do que penso
do tédio (embora pregue a saudade)
no verso sou o contrário

diria ainda que quando sorrio
tenso meus dedos saciam
teu gozo num ritmo sincopado
definitivamente lírico e azo

conquanto que o amor afine ainda
causa tanto dano a nós (ou a mim)
não me espanto de ficar à deriva
tão só pelos teus enganos de menina



a pêra do príncipe ii

arranho fibras de vidro
vibro a janela com afinco
minhas unhas retinem
a sinfonia do reflexo

me diluo estrela
e a lua é a puta do meu calendário
(a mulher que se ama é lendária)

embora a não mais querer
o meu cão ladra e morde o sol
nos dias quentes sem nuvens

e todos os mistérios descobertos