foto: miguel soza


em teu corpo a chaga cobiçada
verterei o sangue da harmonia
para o teu gáudio e deleite
a cada vinte e oito dias

súcia nas falanges da laringe
tange a lira rouquenha bizantina
quente e repentina foxy lady
outrora assaz a messalina

arrebento e entendo de repente
cavuco enfim a eudaimonia
arfar atrás quiçá na frente
jorra o poço e mata a tua sede

foto: miguel soza

abandona este dia
carente de carícias
desengonçada moça
enguiça e sai de órbita

contábeis e notáveis
seus dedos desnorteiam
e ritmam a melodia
a morte é sua vítima

a harmonia seu cheiro
vestidinho de preto
dasafinando a prosa
estreita dos seus seios

foto: ed fox


da série poemas ordinários
(aqueles para as mulheres do bar que nos desprezam)

você nunca beberá da minha reserva
minha dose destilada de amizade

é só para as destemidas e genésicas
mulheres destinadas à cumplicidade

de nada vale a sua melodia
é um carro a sua carruagem

pensei em você por noite e dia
mas agora você faz parte da paisagem

foto: miguel soza

prefiro escrever enquanto escrevo
se amar o amor por certo inverto o verso
seu corpo eu viro e respiro no avesso
rabiscando suor nesse seu sexo

de pouco me importa o retrocesso
se obscuro ou se faço sucesso
de que me adianta o esplendor com
o risco em riste eu quero o seu excesso

temer a paixão eu tremo no começo
depois o pejo gela gera o incesto
travo a trégua engano o redentor
e vivo a vida sempre a termidor

prefiro escrever euquanto escrevo
se amar o amor inverto o verso
seu corpo eu viro no avesso
rabiscando suor nesse seu sexo

de

foto: jan saudek

venço pois me verte o verso
perplexo reduzo ao absurdo

me empenho no nada
ao sacrifício do abismo
mas seu umbigo é o nicho
difícil de conquistar

persigo abstruso
a chave de um mundo
pra te proclamar

minha velha menina
além da altitude
a sina nos une
a voz e a fera