sábado, outubro 26, 2013


24 de outubro
 
 
as baratas

são mais

antigas

do que eu

mas também

mais vis

 

sob os móveis

que o tempo

esqueceu

tímido em

recordações sutis

 

um relicário

ao túmulo azul

(incógnito breviário)

deste sepulto

aniversário

 

24 de outubro
 
 
as baratas

são mais

antigas

do que eu

mas também

mais vis

 

sob os móveis

que o tempo

esqueceu

tímido em

recordações sutis

 

um relicário

ao túmulo azul

(incógnito breviário)

deste sepulto

aniversário

 

sexta-feira, outubro 11, 2013

ao grande poeta

curvei-me ao grande poeta
cujas grenhas e chapéu
jogavam xadrez

passatempo predileto de poetas
que poetam a dois por três

ofereceu-me roufenho
dez mil jâmbicos a
dez merréis

a generosa anáfora
pasmou-me num revés

grato pela transigência
numa humilde vênia
fui tomar minha cerveja




a educação sentimental

o teu bem faz-me tão mal
                           deolinda

traz-me o gosto da morte à boca
seus olhos em silêncio boquiabertos
me trincham as entranhas o cutelo

(em delito ao delírio em declínio dos gregos)

gago recito um provérbio
mas não rogo o arremedo
aos seus dedos em prelo

(que deflagram pejo num silêncio)

e a seu tempo minha alma em peso
estrangulará a garganta e no interregno
a chama se chama mesmo

(já não darei ouvido aos seus apelos)

a morte é rouca menina
um sussurro da vida
e duras penas são apenas

(como um dia após outro dia)


BWV 996

poemas de amor em meu arquipélago
tremo diante do látego
que seus olhos vociferam

sim seus olhos de fera
ferram meu destino e tropeço

mas a chibata calada na alma acalma o cérebro
ébrio de amor e desespero

carrego à cerviz o meu inferno
interesse

pródigo safo pescador de amores
alinhavo minha rede de poesia
iço velas à força de uns grogues
corsário arisco reacendo a melodia

com meus olhos de fósforos riscados
incendeio o cais e a monotonia
versejo num navio assaz veloz
vastos ventres vagas ventanias

quilha às virgens ilhas de vindima
cítrica acicata a minha retina
pouco importa naufragar no fim do mundo

abalroar o destino é a minha sina
terceiro excluído

dentro da saudade
todas as saudades
me impregnam

dentro do abandono
todos os abandonos
me calcinam

saudade impregnada
abandono calcinado

dentro de mim
maneira simples

sinto ciúme
no seu silêncio

e coso esta carne
em bagas pregueadas de p

unguento sanguíneo
arremedo exangue

atiçando o enxame
da saudade de si