sexta-feira, outubro 31, 2008



a tua destra grande cara
traçou à testa a cicatriz
pergaminho inscrito à revelia
praga nefasta farta meretriz

à risca desse quisto é certo quis
romper o incesto ao pouco caso
teria sido o fim revés da barca
fato consumado e aziago

rombo neste casco desalmado
e o que fazer se o diz o malfadado
escangalhada a canga do infeliz
entretecida a teia por um triz

terça-feira, outubro 28, 2008


sob a sombra das asas
do teu pássaro
miro a seta

incólumes
teus olhos zunem
e me engolem

metálica a palavra
exala melodias
e o tempo se desfaz

assim te quero
e sim te quereria
assaz

terça-feira, outubro 21, 2008

acendo o pavio do destino
no rastilho de pólvora teço meus passos
persigo o destino e persigno-me
sob a chuva rala desses lapsos

teu corpo desenhado no silêncio
é a máquina lasciva do tormento
mecanismo perpétuo meu intento
de te fazer nua e vera à escuta

espero o jogo dos olhos no espelho
vejo apenas o óbvio que flutua
quisera encontrar-te nesta espera
cantando a melodia toda tua
a tua alma é fria como o aço
desta onda que bate no penhasco
nem ao menos o sargaço te corrói
e o que nos destrói para ti é o acaso

ao azo crasso desta saudade passas
incólume voluntária à tua madrugada
constelada de cortes de giletes
é a tua estirpe sim a malfadada raça

o terreno proprietária e posse que enobrece
tenho todas as rimas mas nenhuma mão
quem dirá ao mundo que dirima a sina
ainda que eu me redima só me dizes não