sexta-feira, novembro 12, 2010

a prova dos nove

sei que sairei daqui
e irei àquele bar
pedirei uma cerveja
e um dreher pra acompanhar

a caminho do dito bar
fumarei um hollywood azul
o verde causa impotência
e já está de amargar

depois de sentado e da quinta cerveja
depois de levantar vinte e uma vezes pra fumar
desligarei meu celular
(no dia seguinte direi que estava fora do ar
a culpa é da operadora
não adianta reclamar)

farei isso porque hoje
não quero papo
não quero amores tranquilos
e nem ser o bom menino
quero ser deixado pra lá

virarei a noite dando tiros
com meus amigos bandidos
que se dizem intelectuais

tomarei a saideira na padaria
pra não pegar o madrugueiro
meu olho está fora do lugar

no dia seguinte
lá pelas onze
com a cabeça girando
(ainda de calças e do tênis um único par)
ligarei o telefone e ele ribombará
com as mensagens das suas quarentas ligações
e aquela em que você se diz preocupada

me arrastarei até a geladeira atrás de uma gelada
e com a boca amarga darei um trago
reprimindo o engulho
do primeiro beijo
fumando um cigarro mais amassado do que a minha cara

por fim mas não por último entrarei em crise
irei até a venda
e comprarei meia dúzia de latas
tornarei ao lar
e ouvirei frank zappa
pra desopilar