segunda-feira, agosto 13, 2012

mise en abyme


i

o meu amor foi um eco
num abismo abstruso
no qual a liça me enguiçou os ardis

agora necessito uma mulher
cuja sutileza seja uma surpresa
e não uma tristeza além de mim

preciso de um bar
que me receba uma bacante
remexendo seus quadris

entre a introspecção e
o desejo mereço um beijo
que me responda afinal a que vim

ii

envolvo o corpo
com traços de silêncio
e nesse invólucro
meço e estremeço

os fios de meus dedos
(não não tenho medo
sobrevivi ao afogamento
em águas passadas)

e se sigo sozinho
nesta estrada
é porque a solidão
me basta para o recomeço