quarta-feira, dezembro 01, 2010

nephesh

vens do caminho vitorioso
teu desejo se sobrepõe ao amor
fundado no prazer pensado no impulso

a libido cria obstáculos ao teu futuro
arruinado pela pilhagem da tua inteligência

teu fim quem sabe ainda seja rico
e te levará ao equilíbrio
se ouvires a voz do teu destino
eu e o diabo na noite nublada

para antonio thadeu wojciechowski

a primeira vez que vi o diabo
foi numa esquina da cruz machado
me pediu fogo e perguntou se eu sabia algo do paulo otávio
negativei
então me ofereceu um bola gato por vinte pratas
desconversei e atravessei a rua

a segunda vez que vi o diabo
foi no gato preto degustando uma costela
o diabo se sentou e partilhou minha cerveja
depois sugeriu um programa a cinquenta pratas
negativei
então disse que ia de graça
no motel surtou
insistiu nas cinquenta pratas
depois chorou
se vestiu e disse que já voltava

a terceira vez que vi o diabo
foi no puteiro do deputado
sentou-se para conversar
entretido perdi a carteira
o diabo se levantou
levei umas porradas do garçom
e ele ficou com meu celular

talvez por eu não frequentar mais certos lugares
o diabo nunca mais me aparecera
meu velho o diabo é uma loira
por isso me converti às morenas
havayoth

preciso encontrar uma estrada neste deserto
onde a areia se move e eu me fixo a noite
não é mais o lugar do viço há apenas um sol
que escalda as memórias e me esfola o sexo

(aquela mocinha branca me vira a cabeça
forja as qualidades que em mim desconheço
e superestima o que penso ser clichê
mas no dia seguinte me aponta um rifle)

preciso congelar novamente meu inferno ter
sonhos heroicos ao invés de pesadelos desejos
de não amor em troca do eterno não esperar ser
apenas capaz de rumar ao revés de mim mesmo