segunda-feira, agosto 24, 2009

a paixão dos suicidas que se matam sem explicação

rapaz
tua vida não anda boa
que são este conhaque às oito da manhã
e estes cigarros ininterruptos
acaso queres morrer
rapaz
beberás até sangrar o nariz e estourar o baço
fumarás até te caírem os dentes

a grana acabou
agora nem mesmo as caras te amarão

(nem mesmo as coroas)

porque não te amas
qual mulher te amará então

tua mãe já não te podes ver
ao teu pai és um desgosto
estorvo na carência do ser

o amor te fugiu pela janela
e agora nada há
além da agonia que cavaste
e plantaste neste suposto palácio
da sabedoria

(o bom e velho cubo de gelo que não te cansa)

és sábio
mas não parece
o que deveria ser não é poesia
tua mão trêmula de bebedeira
não te dará guarida

(é o dinheiro que te aquecerá no inverno
então terás todos os amigos e
todas as mulheres)

por hora te preserves
ainda que prisioneiro daquela
ela não te quer mais
a ela não bastam rimas

(ainda mais com experiências sexuais internacionais)

evita as pessoas que te perguntam se estás bem
se te quisessem bem
não perguntariam
te fariam


és pequeno
menino
e cruel na tua covardia
não sabes te deixar amar

(não justifica não saber odiar)

para ti a alegria é um veneno
e não um remédio

entretanto te compreendo
a morte parece um bom jeito
de dar um jeito
na vida

não arrependas a tua mocidade
a verdadeira mentira
são amores verdadeiros
enterra a tua mágoa
no mais fundo do teu ser
e se nada mais der jeito
haverá um momento
um breve momento a dar cabo
da tua existência idiota
meu pequenino rapaz

sexta-feira, agosto 14, 2009

kata ton daimona eaytoy

quantas noites bebendo vinho
sozinho con el casillero del diablo
seria melhor um drops de hortelã
no afã de um beijo pela manhã

mas de que essência eu viveria
se de dia já nem sou mais
à noite o santo arrepia
e me guia ao que ninguém faz

assaz seguir para que digam aqui jaz
o fantasma de todas as esquinas
da vida me ensinaram rapaz
vivo dela ninguém sai



ii

passos que me caem
aos pedaços
percalços de ser
a vida insana

cura a causa do querer
já que o que se tem
nos engana

quem dera a cisma
enrijecesse a crença
e nas promessas
conseguisse não morrer de tédio
e da sua ausência

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