terça-feira, julho 20, 2010

novamente

ao mesmo tempo que sufoca o tempo
o tempo flui


se você soubesse
o tamanho da minha mágoa
amada seria o nada
desta idiossincrasia de ser
incógnito e óbvio
e me guardaria a casa

cá onde o vento cala
em episódios movediços
nas idiotices que digo
ao esmo de mim mesmo
sob o céu baço de olho fundo
fazendo o viço do vício sufocado e avulso

(enforco os dias no cansaço
dedicadamente descalço
e sempre no encalço de algo
devorando tabaco e álcool)

e a pergunta cabal se partiria
à praia democrata da aristocracia arrumadinha
ou ousaria um último dia volver
e sepultar de vez a poesia

quarta-feira, julho 07, 2010

em que se anuncia o fim da melodia

cancel my subscription to the resurrection

diga a ela que me ligue
não ontem
nem amanhã
pois é tarde e me perdoa
tarde demais para descansar em paz

sobre meus livros
há uma grossa camada de limo
e poeira sobre os meus lençóis
os acordes fusam em tercinas nos castiçais

meu espaço sufoca no tempo
e meu juízo sintético a priori desolado
imaginou-se apodídico em anfibologias conceituais

(coração coração coração
treme atrás da porta esfolado
pede saúde e glória e nada mais)

diga a ela que eu nunca quis esta tinta
tomei-a de vinicius de moraes
não dá para devolver e simplesmente voltar atrás

e que todo guerreiro menino
como todo menino guerreiro
precisa lutar por um exército vermelho
ou lilás
estava escrito

não há silêncio bastante
para o meu silêncio


meu boi morreu
nosso amor virou paçoquinha de rolha
por isso me enforcarei no pé de cebolinha

o que houvera dito o fora
pela hilda hilst e a nina simone
se souber ler e ouvir indômita

não sê prudente à transcendência possível
entre o som e o sentido há um espaço
cuja significação muda o rumo da vida